Thursday 12 February 2015

Danço

Estou com calor, estou sobre aquecido, rosno baixinho comigo mesmo, ralho bato espanco cuspo e mijo na cara de meu ser, limpo o sangue das minhas mãos com uma toalha branca e atiro-a para o lixo onde deveras pertence este meu plasma, lixo cármico, paleta de sombras, vinho velho e amargo, veneno acido das eras, mar vago.
Há uma neblina que paira na noite enferrujada desta cidade à beira rio, e as estrelas agitam-nos la por tras do neon mostarda alaranjado.
Danço sozinho no escuro, interpretando a equação infinita.
E no fundo nunca se é só, ou se está só, quando se faz parte de um todo.
É-me impossível ver um futuro, estou preso numa caixa por mim construída, sou escravo e amo ao mesmo tempo, vivendo à beira de um precipício com medo de saltar e voar. E se deveras voo mesmo?! Voarei só, ou pior ainda, inspirarei um voo conjunto? 
Já sei quem falou, ego meu amigo, o único que teme o fim. Voar não é o fim, mas sim o que sempre foi e será.

2 comments:

  1. Meu Caro Jorge. Lendo seu texto e vendo a imagem que o acompanha, acho que são complementares, embora, paradoxalmente, cada qual fale por si.
    Um grande abraço, Jorge!

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    1. Às vezes somos sombras!!! :) Obrigado por ler, Abraço amigo!!!

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