Se magia é manifestar então escrever é seguramente um passo de mágica, e os que criam magos são, e, porque criar não é só escrever, suspeito que o mundo como o desconhecemos é sem dúvida um reino mágico.
Nós somos máquinas criadoras que trazem as fornalhas do universo a arder por dentro, e todos os momentos são lá forjados. Não somos mais do que isso, centelhas criativas, que em todos os instantes desdobram-se enchendo esta tela vazia chamada vida.
Às vezes reflicto na causa das minhas assombrações, das nuvens negras que pairam sobre a minha cabeça (se fosse só às vezes!!!) e não chego a lado nenhum, as nuvens só aumentam de tamanho, mas se em vez de passar tempo a ver televisão (a qual não vejo) ou mesmo até a ouvir música ou até a pensar nos porquês e criar algo imediatamente, não a pensar em criar mas agir logo sem esperar, não há melhor sensação no mundo do que ver algo a ganhar forma vindo dos reinos dos invisíveis, e ao fazê-lo sinto-me terreno, sinto que o vento já não me leva, sinto-me assente e firme, envolto pelo silêncio que cobre o universo, sinto-me abraçado e acarinhado pelo momento presente, na simplicidade de um acto encontramos a iluminação, a razão, o porquê, não é preciso muito, neste caso um portátil e electricidade, mas papel e caneta servem o mesmo propósito, e às vezes melhor por ser mais imediata a forma de conjurar palavras, não tão prático na hora de partilhar, infelizmente.
Pergunto-me por vezes se escrevo mesmo por necessidade ou por aprazer o meu ego com o reconhecimento de outrem, e eis que entra, nesta questão, a minha Carta Astrológica: Eu tenho 4 planetas na casa número 6 ( Sol, Lua, Mercúrio, Urano), sendo esta casa a de serviço ao mundo, e quem tem muitos planetas nesta casa geralmente tem problemas em vincar no mundo, deixam-se ficar para trás, escondem-se da luz da ribalta, e só fazem algo se sentirem que deveras é útil o serviço prestado, e como é que se sabe que o que se faz é útil? Quando reconhecimento é demonstrado. Há, deveras, uma grande lição a aprender, e este texto foi construído com base nessa lição que é a de pôr o pensar de lado a descansar num canto escuro, e simplesmente criar.
Escrito por um mago
da classe das letras
que por entre as gretas,
do véu que nos separa
e que nos prende à samsara,
espreme seus finos dedos
e rouba os segredos
ao outro lado.